NCA 1

Finalidade do MCC

    1. O MCC, como todos sabem, tem uma finalidade que pode ser dividida em três, conforme o “prazo” em que deve ser atingida:

  • finalidade imediata – possibilitar a vivência e a convivência do fundamental cristão,

  • finalidade mediata – criar núcleos de cristãos,

  • finalidade última – fermentar de Evangelho os ambientes.

    1. Como fica claro, a finalidade imediata é a que se quer atingir logo após o cursilho e a finalidade última é a que se quer atingir como resultado concreto, que mostre os frutos do MCC. Quando as pessoas aceitam a palavra e a pessoa de Jesus Cristo e passam a viver conforme os seus critérios, temos cristãos vivendo e convivendo o fundamental cristão. E quando essa vivência e convivência do fundamental cristão produz frutos, passamos a ter ambientes e estruturas cristãs.

    2. É a finalidade mediata (a que está no meio), entretanto, que possibilita que, atingindo a imediata, os cristãos que passaram pelo cursilho atinjam também a última. Porque não se pode fermentar o ambiente e “pelo influxo do Evangelho, transformá-lo a partir de dentro” como pede a Evangelii Nuntiandi (18), se não houver, nesses ambientes, cristãos que atuem através de sua palavra e do seu testemunho.


Caraterísticas

  1. Em 1980, em Santo Domingo

    1. Quando se apresentou a proposta no V EIA, os núcleos de comunidades ambientais eram, podemos dizer, uma espécie de sonho aqui no Brasil.

    2. Mesmo que houvesse mais teoria que prática, os núcleos já tinham algumas características bem definidas:

      • deveriam ter um significado e uma realidade mais próximos da práxis de uma comunidade;

      • não seriam grupos “soltos”, mas inseridos numa planificação global do pós-cursilho;

      • deveriam ser formados por pessoas com afinidade ambiental;

      • deveriam despertar seus componentes para a necessidade de:

        • ¨ formação de uma consciência crítica,

        • ¨ ênfase numa pedagogia ativa, a partir da vida (formação na ação),

        • ¨ formação sistemática nos fundamentos da fé e no ensino social da Igreja (Escola);

      • deveriam usar, como técnica para a formação dessa consciência crítica, a pesquisa programada da realidade ou do grupo social a ser evangelizado;

      • deveriam utilizar, como técnica da pedagogia ativa, a revisão apostólica e a revisão de vida.

  • Em 1988, em Caracas

    • Quando se realizou o IV Encontro Mundial, o Brasil apresentou um tema acerca de caminhos novos para ajudar as pessoas que fazem cursilho a amadurecer na fé, inserir-se na comunidade eclesial, assumir seu compromisso apostólico.

    • Mais uma vez, o Brasil apontou os núcleos de comunidades ambientais como um caminho coerente e seguro para que o cursilhista pudesse vir a ser Igreja, agir concretamente e cumprir, em comunidade, a missão evangelizadora da Igreja.

    • Naquela altura, o Brasil podia mostrar que, em oito anos, os NCA haviam-se tornado uma realidade e seus frutos eram visíveis.

    • Dessa vez, algumas das características enfatizadas foram;

      • os núcleos são algo dinâmico e pretendem encarnar os valores do Evangelho, não só na vida pessoal de cada um de seus membros, mas na realidade terrestre (o núcleo é uma comunidade eclesial, imersa na realidade);

      • estão inseridos numa comunidade humana natural: familiar, geográfica, profissional (fábrica), no sindicato, na associação de classe, na escola, no hospital, na repartição pública, no partido político;

      • como estão no ambiente, conseguem atingir e transformar as estruturas e colaboram na evangelização da cultura (nem sempre o núcleo é visível no ambiente; sua presença é uma presença de fermento, sal e luz);

      • sua missão é a missão de Jesus e da Igreja:

        • ¨ levar a Boa Nova da salvação e da libertação aos homens, seus irmãos,

        • ¨ para que seu ambiente seja marcado pelos sinais do Reino (justiça, amor, solidariedade, fraternidade),

        • ¨ partilhando o ser e o ter,

        • ¨ buscando a dignidade, a liberdade, os direitos fundamentais das pessoas com as quais convive.

  1. Em 1999, no Brasil

    1. O VI Encontro Nacional do MCC, em Guarapari, ao debruçar-se sobre as perspectivas do MCC no Terceiro Milênio, retomou a questão dos ‘núcleos’ para comparar seu dinamismo às características mais estáticas do ‘grupo’.

    2. Para explicitar isso, lançou mão de um trabalho preparado em Salvador, BA, que relacionava, em forma de gráfico, os onze itens que seguem:


Meios de perseverança

  1. O MCC sempre se preocupou em oferecer a quem saísse do cursilho um modelo de comunidade para perseverar na fé e aprofundar a conversão, principalmente se o neo-cursilhista não pertencesse ainda a nenhuma outra comunidade.

  2. O modelo inicial oferecido – e que em muitos lugares do mundo ainda é considerado válido e suficiente – era a chamada Reunião de Grupo.

  3. Não vamos nos deter em explicar o que era a RG. Apenas reconhecer que, no Brasil, como em outros países, ela foi, aos poucos, deixando de funcionar como “plataforma de lançamento dos cristãos nos ambientes e no mundo”. De fato, as pessoas acabavam se reunindo para ler o Evangelho, tirar uma mensagem, contar uns aos outros qual tinha sido o seu “momento mais próximo de Deus” naquela semana, planejar sua ação apostólica (curso de batismo, de noivos, etc.) e... tomar um cafezinho.

  4. Por mais que isso ajudasse a santificação individual, a análise da realidade mostrava que se faziam muitos cursilhos, havia muitas reuniões de grupo, mas o fermento do Evangelho pouco atingia os ambientes!


Uma nova proposta

  1. Em 1980, em Santo Domingo, realizou-se o V Encontro Interamericano do MCC, cujo tema foi a repercussão do Documento de Puebla no Movimento.

  2. Nesse encontro, os delegados reconheceram que a RG não era tão eficaz como se pretendia fazer crer e se propuseram a buscar novos caminhos para que o pós-cursilho atingisse seus objetivos. Assim, fizeram propostas concretas, baseados, aliás, em trabalho apresentado pelo Brasil, para melhorar todo o pós-cursilho: desde o núcleo de coordenação, passando pelos Grupos, pelas Ultreias e pela própria Escola.

  3. Como nosso assunto são os “núcleos de comunidades ambientais”, vamos nos deter apenas neste ponto entre os inúmeros propostos pelo V Encontro Interamericano.


Características

  1. Em 1980, em Santo Domingo

    1. Quando se apresentou a proposta no V EIA, os núcleos de comunidades ambientais eram, podemos dizer, uma espécie de sonho aqui no Brasil.

    2. Mesmo que houvesse mais teoria que prática, os núcleos já tinham algumas características bem definidas:

      • deveriam ter um significado e uma realidade mais próximos da práxis de uma comunidade;

      • não seriam grupos “soltos”, mas inseridos numa planificação global do pós-cursilho;

      • deveriam ser formados por pessoas com afinidade ambiental;

      • deveriam despertar seus componentes para a necessidade de:

        • ¨ formação de uma consciência crítica,

        • ¨ ênfase numa pedagogia ativa, a partir da vida (formação na ação),

        • ¨ formação sistemática nos fundamentos da fé e no ensino social da Igreja (Escola);

      • deveriam usar, como técnica para a formação dessa consciência crítica, a pesquisa programada da realidade ou do grupo social a ser evangelizado;

      • deveriam utilizar, como técnica da pedagogia ativa, a revisão apostólica e a revisão de vida.

  1. Em 1988, em Caracas

    1. Quando se realizou o IV Encontro Mundial, o Brasil apresentou um tema acerca de caminhos novos para ajudar as pessoas que fazem cursilho a amadurecer na fé, inserir-se na comunidade eclesial, assumir seu compromisso apostólico.

    2. Mais uma vez, o Brasil apontou os núcleos de comunidades ambientais como um caminho coerente e seguro para que o cursilhista pudesse vir a ser Igreja, agir concretamente e cumprir, em comunidade, a missão evangelizadora da Igreja.

    3. Naquela altura, o Brasil podia mostrar que, em oito anos, os NCA haviam-se tornado uma realidade e seus frutos eram visíveis.

    4. Dessa vez, algumas das características enfatizadas foram;

      • os núcleos são algo dinâmico e pretendem encarnar os valores do Evangelho, não só na vida pessoal de cada um de seus membros, mas na realidade terrestre (o núcleo é uma comunidade eclesial, imersa na realidade);

      • estão inseridos numa comunidade humana natural: familiar, geográfica, profissional (fábrica), no sindicato, na associação de classe, na escola, no hospital, na repartição pública, no partido político;

      • como estão no ambiente, conseguem atingir e transformar as estruturas e colaboram na evangelização da cultura (nem sempre o núcleo é visível no ambiente; sua presença é uma presença de fermento, sal e luz);

      • sua missão é a missão de Jesus e da Igreja:

        • ¨ levar a Boa Nova da salvação e da libertação aos homens, seus irmãos,

        • ¨ para que seu ambiente seja marcado pelos sinais do Reino (justiça, amor, solidariedade, fraternidade),

        • ¨ partilhando o ser e o ter,

        • ¨ buscando a dignidade, a liberdade, os direitos fundamentais das pessoas com as quais convive.

3. Em 1999, no Brasil

    1. O VI Encontro Nacional do MCC, em Guarapari, ao debruçar-se sobre as perspectivas do MCC no Terceiro Milênio, retomou a questão dos ‘núcleos’ para comparar seu dinamismo às características mais estáticas do ‘grupo’.

    2. Como que para imprimir ao núcleo o selo de comunhão, o Documento 62, fruto da 37ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em abril de 1999, fala na “animação de pequenas comunidades” (159). Ora, o núcleo de cristãos é, precisamente, uma “pequena comunidade” que pretende, a modo de fermento, colaborar para a “transformação da sociedade”, o que, segundo o mesmo documento, só é possível com a “transformação das estruturas de poder hoje existentes” (132).

    3. Para explicitar isso, lançou mão de um trabalho preparado em Salvador, BA, que relacionava, em forma de gráfico, os onze itens que seguem:


1º. Partir do fato da vida para a Palavra vs. partir da Palavra para o fato da vida


O grupo se reúne, lê a palavra de Deus e tira lições para a vida e para o próprio comportamento: quando estiver no meu ambiente, em tais e quais circunstâncias, vou poder aplicar esta lição... O núcleo parte da vida e chega à Palavra. À medida que procuramos encarnar a Palavra aqui ou ali, nos interrogamos sobre o que Deus está querendo nos dizer. É a vida que vivo no meu ambiente e as dores e alegrias dessa vida que me levam a procurar na Palavra a mensagem transformadora para esse ambiente, para essas dores.


2º. Situações comuns às pessoas do núcleo vs. situações pessoais


No grupo tradicional predominam as situações pessoais: cada um conta seus problemas e o grupo vai ajudar na solução dos mesmos. No núcleo, as situações são comuns aos integrantes do mesmo, que estão vivendo a mesma realidade, os mesmos problemas, a mesma situação concreta naquele ambiente.


3º. Agir comunitário vs. agir individual


No grupo tradicional predomina o agir individual, ou seja, cada membro do grupo vai fazer alguma coisa diferente: assistir aos menores, aos idosos do asilo, aos doentes nos hospitais, etc. No núcleo, o agir é comunitário. Se seus integrantes estão no ambiente do hospital, da saúde, da educação, é lá, na realidade do dia-a-dia, que vai-se desenvolver a ação de todos os integrantes.


4º. Ir à raiz dos fatos vs. ficar na superfície dos fatos


No grupo, fica-se na superfície dos fatos, que são analisados de fora, a partir do conhecimento, da informação ou da vivência. O núcleo, ao contrário, vai à raiz dos fatos, não procurando apenas sanar as situações de emergência. O grupo, pois, resume-se às obras de misericórdia – as quais, diga-se, são fundamentais na vida da Igreja e no anúncio do Reino. O núcleo, porém, vai, sim, dar comida a quem tem fome, mas vai também às causas da pobreza. Ao mesmo tempo que anuncia os critérios evangélicos para mudar essas causas, o núcleo as denuncia com vigor e coragem.


5º. Conversão pessoal e social concomitantes vs. primeiro conversão pessoal, depois conversão social


A conversão é sempre pessoal e social ao mesmo tempo. Em contato com a realidade, a pessoa vai mudando... É por isso que chegamos a ouvir, de vez em quando, frases ousadas como “tal Bispo se converteu”. É porque esse bispo, quando era padre, estava num lugar, tinha uma visão de mundo. Ao assumir o pastoreio de uma Diocese, ele mudou a sua postura porque começou a sujar as mãos com a realidade, começou a perceber, por experiência pessoal, o que efetivamente acontecia.


6º. O ambiente questiona o núcleo e vice-versa vs. o grupo questiona o ambiente


O grupo limita-se a questionar o ambiente a partir de fora (a TV não presta, por exemplo) para depois pensar em consertá-lo... O núcleo se deixa questionar e provocar pelo ambiente: por que é assim a realidade do hospital onde eu trabalho? É claro que, ao mesmo tempo, o núcleo questiona o ambiente, mas ele tem mais facilidade para transformar a realidade à maneira de fermento. Aí está a grande diferença.


7º. Leitura da Bíblia, dos documentos da Igreja, e estudo da doutrina social vs. predomínio da leitura da bíblia


No grupo predomina a leitura da Bíblia. O núcleo, além da leitura da Bíblia, estuda os documentos da Igreja e sua doutrina social, até como resposta à pressão feita pelo próprio ambiente.

8º. Mudanças das estruturas do mundo do trabalho, da política, etc. vs. predomínio das obras de misericórdia


Enquanto o grupo ocupa-se praticamente apenas das obras de misericórdia – fundamentais, repetimos, e sem as quais ninguém se salva (Mt 25, 34ss) – o núcleo busca a mudança nas estruturas no mundo do trabalho, da política, buscando erradicar as causas que produzem tantos famintos, nus e excluídos.

9º. Reunião mais objetiva vs. reunião mais subjetiva


No grupo a reunião é mais subjetiva, voltada para conversão individual; no núcleo ela é mais objetiva, porque está-se estudando e participando de algo que está “fora” dos integrantes e que eles têm que mudar e transformar.


10º. Fermento que penetra na massa vs. fermento que fermenta fermento


No grupo o fermento atua dentro do próprio grupo que almeja seu crescimento pessoal, enquanto o núcleo leva o fermento para a massa.


11º. Espiritualidade de encarnação, de fronteira vs. espiritualidade intimista


No grupo a espiritualidade é intimista, fruto da conversão predominantemente pessoal; no núcleo essa espiritualidade é de fronteira, porque é uma espiritualidade de encarnação.