Pequenas comunidades

Constata-se que nos últimos anos está crescendo a espiritualidade de comunhão e que, com diversas metodologias, não poucos esforços têm sido feitos para levar os leigos a se integrar nas pequenas comunidades eclesiais, que vão mostrando frutos abundantes. Nas pequenas comunidades eclesiais temos um meio privilegiado para chegar a Nova Evangelização e para chegar a que os batizados vivam como autênticos discípulos e missionários de Cristo.

Elas são um ambiente propício para se escutar a Palavra de Deus, para viver a fraternidade, para animar na oração, para aprofundar processos de formação na fé e para fortalecer o exigente compromisso de ser apóstolos na sociedade de hoje. Elas são lugares de experiência cristã e evangelização que, em meio à situação cultural que nos afeta, secularizada e hostil à Igreja, se fazem muito mais necessários.


Se desejamos pequenas comunidades vivas e dinâmicas, é necessário despertar nelas uma espiritualidade sólida, baseada na Palavra de Deus, que as mantenham em plena comunhão de vida e ideais com a Igreja local e, em particular, com a comunidade paroquial. Por outro lado, conforme Há anos estamos propondo na América Latina, a Paróquia chegará a ser “comunidade de comunidades”.

Destacamos que é preciso reanimar os processos de formação de pequenas comunidades no Continente, pois nelas temos uma fonte segura de vocações ao sacerdócio, à vida religiosa e à vida leiga com especial dedicação ao apostolado. Através das pequenas comunidades, poderia-se também conseguir chegar aos afastados, aos indiferentes e aos que alimentam descontentamento ou ressentimento em relação à Igreja.

Os movimentos eclesiais e novas comunidades

Os novos movimentos e comunidades são um dom do Espírito Santo para a Igreja. Neles, os fiéis encontram a possibilidade de se formar na fé cristã, crescer e se comprometer apostolicamente até ser verdadeiros discípulos missionários. Assim exercitam o direito natural e batismal de livre associação, como o indicou o Concílio vaticano II e confirma o Código de Direito Canônico. Seria conveniente incentivar a alguns movimentos e associações que mostram hoje certo cansaço ou fraqueza e convidá-los a renovar seu carisma original, que não deixa de enriquecer a diversidade com que o Espírito se manifesta e atua no povo cristão.

Os movimentos e novas comunidades constituem uma valiosa contribuição na realização da Igreja local. Por sua própria natureza expressam a dimensão carismática da Igreja: “na Igreja não há contraste ou contraposição entre a dimensão institucional e a dimensão carismática, da qual os movimentos são uma expressão significativa, porque ambos são igualmente essenciais para a constituição divina do Povo de Deus”. Na vida e na ação evangelizadora da Igreja, constatamos que no mundo moderno devemos responder a novas situações e necessidades da vida cristã. Neste contexto também os movimentos e novas comunidades são uma oportunidade para que muitas pessoas afastadas possam ter uma experiência de encontro vital com Jesus Cristo e, assim, recuperar sua identidade batismal e sua ativa participação na vida da Igreja. Neles “podemos ver a multiforme presença e ação santificadora do Espírito”.

Para aproveitar melhor os carismas e serviços dos movimentos eclesiais no campo da formação dos leigos desejamos respeitar seus carismas e sua originalidade, procurando que se integrem mais plenamente na estrutura originária que acontece na diocese. Ao mesmo tempo, é necessário que a comunidade diocesana acolha a riqueza espiritual e apostólica dos movimentos. É verdade que os movimentos devem manter sua especificidade, mas dentro de uma profunda unidade com a Igreja local, não só de fé mas de ação. Quanto mais se multiplicar a riqueza dos carismas, mais os bispos serão chamados a exercer o discernimento espiritual para favorecer a necessária integração dos movimentos na vida diocesana, apreciando a riqueza de sua experiência comunitária, formativa e missionária. Convêm dar especial acolhida e valorização àqueles movimentos eclesiais que já passaram pelo reconhecimento e discernimento da Santa Sé, considerados como dons e bens para a Igreja universal.